Euro, marido de Hytalo Santos, preso suspeito de tráfico humano e exploração sexual, nasceu na Baixada Santista e é filho de político — Foto: Redes Sociais
Desde o dia 6, quando Felca mencionou em vídeo a atuação de Hytalo nesse tipo de conteúdo, o influenciador foi alvo de medidas da Justiça da Paraíba, que incluem uma ação civil pública do MP-PB e mandados de busca e apreensão.
Apesar de ter nascido em Santos, Euro morou em São Vicente, cidade vizinha, antes de se mudar para a Paraíba (PB). O pai dele, Cesar Vicente, concorreu ao cargo de vereador de São Vicente nas eleições municipais de 2016 e 2020 e a deputado estadual em 2014, ficando em todas como suplente.
Euro tem 33 anos e é pai de dois filhos. O influenciador também é cantor de funk e gravou diversas músicas com Hytalo, com quem se casou em 2023, em Cajazeiras, no Sertão da Paraíba, ocasião em que distribuíram um iPhone 15 Pro Max junto com o convite da festa.
O assessor Josué Vicente disse que Euro esporadicamente visita os familiares em São Vicente (SP), sendo que a mudança para a Paraíba ocorreu há 10 anos.
“Sempre foi um menino talentoso e sempre teve vocação, uma veia artística. E aí ele acabou desenvolvendo isso e se juntou com o Hytalo, que é um dançarino”, disse o assessor.
Equipe discorda de prisão
Josué Vicente afirmou entender que a prisão foi arbitrária. “Sinceramente, eles estavam a passeio no estado de São Paulo, então ninguém estava fugindo de nada, não tinha nenhum mandado de prisão e eles estavam obedecendo o que o Ministério Público pediu”, alegou o assessor.
Vicente acrescentou que nas últimas 48 horas foram constituídas duas bancas de advocacia para defender Euro e Hytalo. “Nosso pensamento é fazer um documentário, mostrando a realidade das coisas, como se apresenta. Muita coisa que foi dita naquele vídeo não é verdadeira”, complementou.
O assessor afirmou que não é a favor de pautas que envolvem pedofilia. “A gente controla o conteúdo que é promovido. Agora, como que a gente vai controlar as conversas nos comentários? […] ntão está sendo atribuída a nós a culpa por algo que não cometemos”, disse.
Josué alegou que eles manifestam apoio ao vídeo do Felca, mas que ele errou o alvo. “Ele está objetivando [mirando] no Hytalo e no Euro”. Segundo o assessor, os advogados tiveram acesso à decisão da prisão dos influenciadores e estão trabalhando no pedido do Habeas Corpus (HC).
Operação policial
A prisão deles envolveu o MP-PB em atuação conjunta com o MPT, a Polícia Civil da Paraíba e de São Paulo e a Polícia Rodoviária Federal da Paraíba.
As ordens de prisão foram expedidas pelo juiz Antônio Rudimacy Firmino de Sousa da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba.
Em sua decisão, o magistrado disse que “há fortes indícios” de tráfico de pessoas, exploração sexual e trabalho infantil artístico irregular, produção de vídeos com divulgação em redes sociais e constrangimento de crianças e adolescentes, entre outros crimes.
Ele argumentou ainda que a prisão procura “impedir novos atos de destruição ou ocultação de provas, bem como evitar a intimidação de testemunhas”, acrescentando que essas “situações que já vêm ocorrendo desde que os investigados tomaram conhecimento da existência da investigação em seu desfavor”.
O juiz ressaltou que os dois “já destruíram elementos de prova; já removeram tudo aquilo que seria apreendido; já turbaram a investigação criminal, e tais situações estão claras nos autos”.
O magistrado reiterou que as condutas deles “revelam uma ação coordenada para comprometer o curso regular das investigações, dificultar o esclarecimento da verdade e prejudicar a eficácia do trabalho investigativo conduzido por este grupo especial”.
E prosseguiu: “Os representados têm adotado condutas reiteradas para dificultar o esclarecimento da verdade, valendo-se de práticas ilícitas como a tentativa de destruição de documentos e aparelhos eletrônicos, esvaziando às pressas residência, ocultando valores e veículos utilizados”.
Essas condutas evidenciam a necessidade de medidas extremas para assegurar a integridade das provas e a regularidade do procedimento investigativo.
— Antônio Rudimacy Firmino de Sousa, juiz da 2ª Vara da Comarca de Bayeux, na Paraíba
Medidas judiciais contra o influenciador
Suspensão das redes sociais e desmonetização de conteúdo
A Justiça da Paraíba mandou bloquear o acesso de Hytalo às redes sociais dele na terça-feira (12). A promotora do MPPB Ana Maria França solicitou também que os vídeos do influenciador que já estão no ar em diversas redes sociais sejam desmonetizados, ou seja, não possam dar retorno financeiro para o influenciador, e a Justiça também acatou esse pedido.
Proibição de manter contato com as vítimas
A decisão da terça também proibiu o influenciador de ter contato com os adolescentes citados nos processos que o investiga pela exposição dos menores em vídeos com conteúdo sexual. A decisão é em caráter provisório.
Apreensão de celulares e computador
A Justiça da Paraíba apreendeu umcomputador e aparelhos celulares na casa do influenciador em João Pessoa nesta quinta-feira (14), segundo informações do juiz Antônio Rudimacy Firmino. Desta vez, os policiais conseguiram acessar o interior do imóvel e tinham autorização para arrombar as portas, em caso de resistência e necessidade.
Na quarta-feira (13), um mandado de busca foi cumprido nesse mesmo endereço, mas encontraram o imóvel fechado, sem ninguém.
Apuração do MP é anterior a vídeo de Felca
A investigação do MPPB começou em 2024. O caso é dividido em duas promotorias, a de Bayeux e a de João Pessoa:
Bayeux: a investigação é da promotora Ana Maria França. A apuração começou no fim de 2024 após denúncias de vizinhos do condomínio de Hytalo de que adolescentes faziam topless e participavam de festas com bebida alcoólica.
João Pessoa: o responsável pela condução dos trabalhos é o promotor João Arlindo, que disse ao g1 que investiga a possibilidade de um esquema feito pelo influenciador para obter a emancipação desses menores de idade em troca de presentes, como celulares, para os familiares deles. Segundo o promotor, o relatório do inquérito vai ser finalizado na próxima semana.
Em ambos os processos, Hytalo foi ouvido e negou as acusações. Os adolescentes foram ouvidos somente no processo de João Pessoa, que começou primeiro, para que não fossem revitimizados.
🔎 Emancipação é o ato que concede a um menor de idade, entre 16 e 18 anos, a capacidade civil plena, permitindo que ele pratique todos os atos da vida civil como se fosse maior de idade, por exemplo, assinar contratos, comprar e vender bens, entre outros.
Investigação do MPT
Hytalo Santos no momento em que foi preso e, à direita, em vídeo com adolescentes — Foto: Reprodução/TV Globo
Hytalo também é investigado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). A informação foi divulgada na noite desta terça-feira em um vídeo no qual o procurador Flávio Gondim trouxe detalhes sobre a investigação.
O procurador detalhou que as investigações analisaram mais de 50 vídeos publicados nas redes sociais do influenciador e foram colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas envolvidas na produção desses conteúdos.
“Foram analisados, de maneira muito criteriosa, mais de 50 conteúdos, 50 vídeos veiculados nas diversas redes sociais mantidas por Hytalo Santos. Foram colhidos mais de 15 depoimentos de pessoas vinculadas ao projeto de produção de conteúdo digital, incluindo pessoas que trabalharam para ele em diversos momentos. Foram analisados diversos documentos.”, disse Gondim.
Resumo das medidas judiciais contra Hytalo
PRISÃO: juiz decreta prisão dele e do marido para evitar destruição de provas
Dragas destruídas no 2° dia da operação Boiúna contra o garimpo ilegal no sul do Amazonas — Foto: Divulgação/PF
A capital do Amazonas ocupa posição central nas rotas do narcotráfico e das economias ilícitas que se expandem pela floresta amazônica. É o que aponta o relatório “A Amazônia sob ataque – mapeando o crime na maior floresta tropical do mundo”, publicado pela organização jornalística Amazon Underworld no dia 21 de outubro.
Segundo o documento, Manaus se tornou um dos principais corredores por onde se escoa a cocaína produzida na América do Sul, com as drogas chegando no Amazonas pelo Rio Solimões e seguindo pelo Rio Amazonas rumo à distribuição nacional e internacional. A capital amazonense é considerada um elo logístico estratégico, conectando a produção amazônica a mercados da Europa, África e Ásia por meio de seus portos.
Ao g1, o Governo do Amazonas afirmou que as operações de combate ao crime organizado, tanto em Manaus quanto no interior, continuam fortalecidas, com monitoramento permanente, apoio tecnológico, capacitação de pessoal e ampliação das fronteiras de atuação. Leia a íntegra da nota no fim da reportagem.
O relatório destaca ainda que facções como o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) disputam o controle das rotas fluviais, fronteiras e cadeias logísticas que movimentam toneladas de drogas e milhões de reais.
A ruptura do pacto de não agressão entre os dois grupos, em 2016, intensificou os confrontos e levou à fragmentação da Família do Norte (FDN), facção criada em Manaus.
Com a dissolução da FDN, parte dos seus membros se aliou ao CV, formando o CV-AM, enquanto outra parcela fundou o grupo “Os Crias”, com base em Tabatinga, na tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru. Após a morte do líder Brendo dos Santos, em 2023, o CV-AM consolidou seu domínio na região.
O controle do crime na Amazônia brasileira passou por uma transformação significativa nos últimos 15 anos
— diz um trecho do estudo
Além do tráfico de drogas, o relatório aponta que o garimpo ilegal também impulsiona o avanço das facções no Amazonas
A expansão das redes criminosas acelera a destruição ambiental e ameaça o papel da Amazônia como filtro de carbono global. Na conclusão, o estudo mostra que a região vive uma “era de violência exacerbada”, impulsionada pelo ouro e pela cocaína, e alerta para o risco de corrupção das forças estatais.
Com rios navegáveis, portos movimentados e fronteiras vulneráveis, Manaus se consolida como epicentro da criminalidade na Amazônia, refletindo os desafios enfrentados pelo Brasil no combate ao crime organizado transnacional.
Leia a nota do Governo do Amazonas na íntegra
A Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM) informa que, em todo o Estado do Amazonas, estão sendo implementadas de forma contínua medidas estratégicas para combater o crime organizado, o tráfico de drogas e demais ilícitos.
Neste ano, já foram apreendidas mais de 37 toneladas de entorpecentes em todo o Amazonas, resultado direto das operações integradas que demonstram a eficiência do trabalho conjunto no enfrentamento às organizações criminosas que tentam usar as vias fluviais para o transporte de drogas e outros ilícitos.
Atualmente, o Estado conta com três Bases Arpão, duas bases náuticas de apoio operacional, lanchas blindadas e lanchas de transporte de tropa, equipamentos que garantem maior presença, eficiência e segurança das forças policiais nas regiões estratégicas do Amazonas.
As ações contam com a atuação integrada da Polícia Militar do Amazonas (PMAM), Polícia Civil (PC-AM), Corpo de Bombeiros Militar do Amazonas (CBMAM), Departamento de Polícia Técnico-Científica (DPTC) e com o apoio da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO-AM), composta por agentes da Polícia Federal, que vêm intensificando o patrulhamento e as fiscalizações nas principais rotas fluviais do Estado.
Desde 2019, o Programa Amazonas Mais Seguro já contou com investimentos superiores a R$ 1,16 bilhão, voltados à modernização das forças de segurança, reforço do efetivo, aquisição de equipamentos, viaturas, embarcações e tecnologia de inteligência. Além disso, mais de 2,8 mil novos servidores foram convocados para compor as forças de segurança, fortalecendo a atuação das instituições e ampliando a presença do Estado em todas as regiões do Amazonas.
Em 2024, o Amazonas atingiu recorde histórico de apreensões de drogas, com 43,2 toneladas de entorpecentes retiradas de circulação em todo o Estado. No mesmo período, as apreensões de armas de fogo também cresceram, chegando a 1.593 unidades, representando um aumento de cerca de 11% em relação a 2023.
A SSP-AM reforça que as operações de combate ao crime organizado, tanto em Manaus quanto no interior, continuam fortalecidas, com monitoramento permanente, apoio tecnológico, capacitação de pessoal e ampliação das fronteiras de atuação, reafirmando o compromisso do Governo do Amazonas com a proteção da vida e a segurança da população.
A Casa Branca postou neste domingo (26), uma foto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, cumprimentando o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os dois líderes se encontraram durante a Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean).
“É uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acho que conseguiremos fechar bons negócios para ambos os países. Sempre tivemos um bom relacionamento — e acho que continuará assim”, disse o presidente, segundo publicação da Casa Branca em suas redes sociais.
Essa foi a primeira vez que os líderes se encontraram oficialmente para conversar sobre as tarifas impostas pelos EUA às exportações brasileiras. Antes disso, Trump e Lula chegaram a falar por telefone e se encontraram brevemente na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em setembro.
Em entrevista a jornalistas após a reunião, o ministro das relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou que o encontro foi positivo, e reiterou que Lula voltou a pedir a suspensão das tarifas durante o período de negociação.
“Trump declarou que dará instruções à sua equipe para começar um processo de negociação bilateral”, afirmou.
A expectativa do governo brasileiro era de um encontro entre as equipes ainda na noite deste domingo, no horário da Malásia, segundo o chanceler Mauro Vieira. Houve, entretanto, uma conversa por telefone entre ele e Jamieson Greer, e o encontro ficou para a manhã de segunda-feira (27).
“Nós esperamos em pouco tempo agora, em algumas semanas, concluir uma negociação bilateral que trate de cada um dos setores da atual tributação americana ao Brasil”, completou Vieira, reiterando que os representantes brasileiros devem pedir que as tarifas sejam suspensas durante o período de negociação.
O secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Márcio Elias Rosa, afirmou que os presidentes não abordaram diretamente a questão do ex-presidente Jair Bolsonaro durante a reunião.
“O que o presidente Lula usou como exemplo é a injustiça da aplicação da Lei Magnitsky contra algumas autoridades do STF [Supremo Tribunal Federal] e o quão injusta é a aplicação dessa lei sobre esses ministros porque repeitou-se o devido processo legal e não há nenhuma perseguição política ou jurídica”, afirmou o secretário.
Durante entrevista a jornalistas mais cedo, feita antes da reunião, Trump disse que se sente mal pelo que Bolsonaro passou no Brasil.
“Eu sempre gostei dele. Eu me sinto muito mal sobre o que aconteceu com ele. Sempre achei que ele era um cara honesto, mas ele passou por muita coisa”, afirmou o republicano.
Interlocução com a Venezuela
Segundo Vieira, o presidente Lula também teria abordado a situação entre os EUA e a Venezuela, tendo se prontificado a ser um contato de comunicação entre a Venezuela e os Estados Unidos.
“O presidente Lula disse que a América do Sul é uma região de paz e se prontificou a ser interlocutor, como foi no passado, com a Venezuela, para se buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”, disse o chanceler.
“[Lula também disse] que o Brasil estará sempre disposto a atuar como elemento da paz e do entendimento, o que sempre foi a tradição do Brasil e continuará sendo”, completou.
Lula dá entrevista a jornalistas durante viagem à Indonésia — Foto: Ricardo Stuckert / PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se retratou nesta sexta-feira (24) por uma frase em que comparou traficantes a vítimas de usuários de drogas.
“Fiz uma frase mal colocada nesta quinta e quero dizer que meu posicionamento é muito claro contra os traficantes e o crime organizado”, escreveu em uma rede social.
Durante a coletiva, o petista falava sobre o enfrentamento às drogas e disse que seria “mais fácil”, para Brasil e Estados Unidos, “combater viciados”.
Para reforçar seu posicionamento, Lulaafirmou: “Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também”.
Lula fez o comentário ao ser questionado sobre falas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que disse não ser necessária uma declaração de guerra para matar traficantes de drogas.
Ao se justificar nesta sexta, o presidente brasileiro minimizou o seus discurso e frisou: “mais do que palavras são as ações” que o governo dele vem realizando.
“Mais importante do que as palavras são as ações que o meu governo vem realizando, como é o caso da maior operação da história contra o crime organizado, o encaminhamento ao Congresso da PEC da Segurança Pública e os recordes na apreensão de drogas no país”, destacou na mensagem.
“Continuaremos firmes no enfrentamento ao tráfico de drogas e ao crime organizado”, prosseguiu.